Quando fiquei sabendo que seria mãe, no primeiro momento em que vi que o controle de ovulação tinha dado certo, que tudo estava caminhando para a realização do que eu queria a tanto tempo e esperava, sem coragem de encarar e tentar de verdade, fiquei com medo.
Porém mesmo antes da confirmação da gravidez veio o medo pois do nada, apesar do atraso menstrual, senti muita dor e cólicas. Poderia ser a menstruação vindo, mas aos poucos elas foram se tornando quase insuportáveis. Lembro de ter passado no mínimo umas três semanas com elas.
Eu sabia que poderia ser algo muito errado e que se eu estivesse grávida, provavelmente teria q me submeter a uma cirurgia para hérnia ou rim, e de emergência e me perguntava se o bebe ficaria bem.
Depois da confirmação da gravidez e ter lido relatos de mães que tb tiveram muitas cólicas no inicio, fui me conscientizando de que aquilo era normal e estava mais tranqüila quando fui à medica dia 04.12.2010, já me preparando para fazer o exame e confirmar a gravidez.
Fiz os exames e pedi pro Julio acessar no trabalho dele o exame, visto que no dia eu não tinha acesso a internet, não me lembro por que.
Ao ficar sabendo que estava grávida fiquei feliz, o Julio radiante, ele já achava q eu estava mas eu tinha minhas dúvidas, parecia não ser verdade, quase como se a ficha não caísse. Passados os dias e com a vinda de mais cólicas me senti mais ou menos assim, MEU DEUS, o que fui fazer? Estava saudável, sem dor, ai meu Deus, agora vou sofrer, estava aqui esquecida das realidades da vida, das tristezas, do sofrimento, das preocupações, minha vida era tão tranqüila, por que então fui escolher livremente esse sofrimento, essa dor? Fora a ingratidão dos filhos, fora a preocupação com eles e a maldade do mundo, fora o fato de que os gastos triplicarão e eu sinto ainda muito medo de passar necessidade, como tantas vezes meus pais passaram.
Mas a vida consola e esses pensamentos não duram e apesar de eu ter ainda muito medo sei lá do que, eles passaram e a dor foi passando, vieram então os enjôos. Eu como boa de garfo não deixei de comer e os alimentos que sentia vontade comia bem, porém aqueles que senti aversão não consegui comer até pelo menos os cinco meses.
Cheiro de perfume, o creme da chefe, cheiro do Julio, meus cremes e óleos q comprei para estrias, nada queria sentir e foi uma época difícil pois o dia inteiro eu sentia o desconforto de estar com aversão a cheiros e em alguns momentos de comida.
Senti vontade de comer algumas coisas que sempre gostei, como pão de queijo da minha mãe, arroz com feijão, churrasco,frango da minha vó Jandira ou caipira (esse não realizei até hj), amendoim doce (porém ressalto que doces só fui querer depois do 4 mês e chocolate nem pensar, acredita? argh he he). Pode ser que nem tenha tido desejos, tenha sido só a vontade de comer normal mesmo, nunca vou saber se tive, pois acabava saciando depois de um tempo, sem neuras, mas não era nada incontrolável.
Mas teve algo que me chamava a atenção, nesse começo senti muita fome e no recesso do trabalho que foi do dia 19.12 a 7.1.2010, fiquei em casa e cheguei a almoçar duas vezes, comia e lá pra umas 14hs parecia que minha barriga tinha um rombo e lá ia eu almoçar de novo. Nada melhor que um arrozinho com feijão que por sinal eu achava bem difícil de ter disposição pra fazer, pois chegava em casa cansada sem vontade de preparar e minha mãe na mesma época parou de jantar, só abria exceção de vez em quando, quando eu apelava necessitando de um feijãozinho.
Agora emocionante mesmo, quando senti que tinha mesmo um bebe dentro de mim foi quando vi o embrião no dia 21.12.2009. Fui fazer uma ultrassom com a médica que eu gostava para determinar a gravidez, minha mãe tinha passado na minha ginecologista e levado todos os exames q ela tinha pedido dia 04.12, então ela deu as guias para os outros exames e não precisei voltar lá em dezembro.
Então, no dia 21.12 eu fui com medo, estava na minha conta com 6 semanas no máximo e tinha uma amiga grávida com a mesma idade gestacional que alguns dias antes descobriu que o embrião dela não tinha desenvolvido. Quando a gente tem medo de perder o bebe a gente descobre q quer ele mais do que tudo, mas com medo do meu não ter desenvolvido por causa das dores, fui fazer o ultrassom sozinha, e nem sequer gravei. Chegando lá deu pra vê-lo bem. O saco gestacional presente e pulsando, o embrião pulsando mas encolhidinho num cantinho do útero mesmo tendo todo aquele espaço pra ele. Fiquei com dó do bebe pela primeira vez, percebi que ele estava ali lutando pra continuar, sem querer incomodar, e percebi, de acordo com o que a médica me falou que ele não tinha culpa pelas minhas dores, que elas vinham do meu organismo querendo tira-lo de lá, repeli-lo e fiquei horrorizada, tadinho, quietinho tentando sobreviver, mesmo num ambiente inóspito.
A médica me disse que todas as gravidezes são milagres. Na maioria das vezes nosso organismo vence e nem ficamos sabendo. O organismo vê o embrião como um corpo estranho e não o quer por ali, faz de tudo para que o mesmo saia de onde está e não sobreviva, nas dores que senti, senti que eram verdadeiras contrações e eu chegava a ter que esperar elas passar para dormir, comer, ou fazer qqer coisa. Ficar sentada no vaso melhorava mas não acabava com a dor. Algumas delas, as mais fortes chegavam a durar 2 ou 3 minutos, e vinham fortíssimas apenas algumas vezes, essas mais terríveis eu chegava a tremer de dor e sentia muito medo. Hoje vejo que foi melhor assim, elas me prepararam para hj em dia encarar o parto normal. São terríveis? Sim, mas depois que passa,esquecemos q um dia elas vieram e estando com nosso filho nos braços a recompensa é maior e o esquecimento muito mais rápido. Hj com 8 meses e faltando alguns dias pro parto eu me sinto com menos medo do parto normal, confesso que teve tempo na gravidez que eu nem queria pensar e teve tempo em que eu simplesmente morria de medo, mas tudo isso passou, não sei se volta, mas com 32 semanas estou super corajosa esperando meu momento chegar, he He.
Agora continuando meu relato, entrando no nono mês, digo que tudo passou e passa extremamente rápido. Parece demorado mas não é. Lembro o dia que fui toda feliz tentar ver qual era o sexo do bebe, mas não deu certo e fiquei triste por q tive q esperar mais um mês pra fazer outra ultra. Mas quando deu certo da outra vez e ficamos muito felizes. Parecia q eu já sabia que era uma menina, não fazia sentido não ser. Minha mãe, meu padrasto e meu marido foram comigo nesse dia e ficaram muito emocionados ao vê-la e descobrir que é uma menina. A médica que descobriu foi a que eu gosto de fazer ultrassom e ela foi gentil e colocou o nome dela digitado na tela. A partir daí babamos mesmo...