quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Amamentação – ínicio em 06.08.2010

Esse dia foi um tremendo drama pra nós três. Começou bem, com a gente feliz por sair da maternidade, preparamos tudo, tomamos banho, dei o peito pra Julia na companhia de uma enfermeira que gostamos muito e era muito carinhosa com ela, a Dona Irene que foi muito importante, me deu muitas dicas de cuidados e de amamentação que fui lembrando sozinha depois e me ajudaram muito.
 
Vi essa enfermeira dar banho, trocar, por roupinha, conversei com o pediatra, vi a minha filha furando a orelhinha para por o brinco (chorei muito por causa dessa hora mas depois no quarto, pois deixar outros causarem dor na minha filha foi dificil, mesmo parecendo bobagem). Teve o teste do pezinho que também foi um momento dificil, porem já estava mais forte e por fim passamos numa farmácia para comprar os medicamentos (muitos) para minha recuperação e a dela, que tinha uma congestao nasal desde que nasceu que dificultava muito respirar e até dormir bem.

Mas a parte mais dificil foi depois em casa. Aquele vazio de estarmos sozinhos, sem ninguem, sem amigos que nos visitaram, sem família, sem as enfermeiras, apenas nós três, Eu, Júlio e Júlia. E foi aí que veio o maior drama. O colostro, que ela tinha mamado bem na maternidade, parou de vir e o leite começou a descer bem devagar. Tinha muito pouco leite e a Julia passou o dia inteiro no peito mas mesmo assim ficou com muita fome. Até identificarmos que era realmente fome foi difícil. Nos sentimos totalmente perdidos em meio aos gritos dela, até que as 21:00 hs ligamos pro pediatra pra ver o que poderia ser feito. So que ele não nos atendeu, disse que estava em trânsito e não retornou, tentamos de novo várias vezes e só chamava, nao mais atendia até que as 23:00hs resolvemos nós mesmos irmos buscar um leite em pó, eu não queria dar o leite por que achei que ali seria o fim da amamentação, sofri muito com a indecisão e a total ignorância de não saber o que fazer e sem orientação alguma. Quando decidimos mesmo em dar o leite em pó, fui procurar no livro do Delamare, a Vida do Bebe, o nome do leite a ser dado, que é o NAN. Pedimos para minha mãe e meu padrasto trazerem por que não tinhamos nem condições de sair de casa…
E a Júlia chorando…

Quando eles chegaram, aprontaram o NAN e deram pra ela numa mamadeirinha que compraram, ela se calou na hora e foi dormir, foi de cortar o coração, tadinha.
 
Muito triste pensei que a culpa era minha, que não enxerguei que a minha filha passava fome e que resisti tanto em dar o complemento. Naquele dia chorei muito pelo fim da amamentação e por lembrar do desespero da Julia tentando me dizer que nao tinha mais nada no peito que não adiantava po-la no seio. Foi dificil. De madrugada, por causa da tal mamadeira que minha mãe quis dar ao invés do copinho que é o recomendado, a Julia não queria mais pegar o peito.

Foi preciso eu insistir muito, faze-la chorar muito pois a pega dela no seio ainda não estava boa e a mamadeira acabou com todo o progresso adquirido no hospital com as mamadas do colostro. Nos dias seguintes continuou difícil e pensei em chamar alguem, uma doula, uma fono ou uma enfermeira pra me auxiliar na amamentação mas preocupada com dinheiro e sem cabeça para ir atrás de nada acabei nem vendo ninguem.

Eu só pedia para tudo aquilo passar e pedi muito a Nossa Senhora que operasse um milagre e ela me deixasse amamentar, que intercedesse por mim lá com Deus pois só ela mesmo para me ajudar. O desespero bateu mesmo. Sem amamentar parecia que a maternidade nem tinha sentido. Ficamos tão sensiveis por causa do puerpério que pra mim era como se eu tivesse perdido alguém ao perder a amamentação.

Mas graças a Deus o leite veio com mais força e mesmo a pega anda não estando perfeita, foi mais fácil oferecer pra ela o peito cheio. Passei um dia com os ductos cheios e não saía nada, mas massageei e fiz compressa de água morna, usei a concha anti-empedramento e as coisas foram melhorando. Nesse dia, que foi no sabado, dia seguinte, conseguimos falar com o pediatra que recomendou 30 ml do NAN após a mamada no seio,se ela ainda sentisse fome, até 5 vezes, se necessário, mas pra eu insistir no peito primeiro.

Assim fiz e por milagre de Nossa Senhora mesmo, consegui voltar a amamentar e fui tirando o Nan aos poucos pois senão a demanda do seio também faz diminuir a quantidade de leite.
A Júlia ficou mais cinco dias sem evacuar por causa da super mamadeira preparada no dia daquela fome dela (minha mãe preparou 3 medidas do nan para 50 ml e o pediatra recomendou 1 para 30ml), foi desesperador imaginar por que ela nao evacuava, se tinha algo errado pois ela ainda tinha 3 dias de vida quando tomou o NAN, poderia ser alguma coisa errada com o organismo dela. Até que liguei na quarta para o médico que recomendou o supositorio de glicerina e assim que colocamos nela, ela evacuou. Muito!!

De todos aqueles dias mas com forte cheiro de NAN. Tadinha. E assim foi o começo do desastre da amamentação. O meu conselho é que sigam o instinto de vcs e não os conselhos das pessoas. Minha mãe tinha boa vontade, estava preocupada com a Júlia mas foi infeliz no preparo da mamadeira e quando recomendou que usassemos a mamadeira e nao o copinho, como o correto, mas como eu estava muito abalada nem quis contrariar, mas temos que pensar por nós mesmos. É difícil pois a insegurança é grande. MAS não podemos esquecer que o bebê é parte da gente e a gente vai aprendendo a perceber o que eles querem com o tempo. Não se trata de menosprezar a opinião dos outros, mas dar valor a sua própria e ponderar bem nas decisões, que dependendo do momento, como o início da amamentação, por exemplo, podem ser decisivas na vida da gente.

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